Em , apreendemos pistas metodológicas próprias de um currículo integrado, uma vez que estas se vinculam à formação emancipatória. Para ele, a organização da escola e do currículo de uma escola única devem voltar-se para a
formação de cultura geral humanista, formativa, que equilibre de modo justo o desenvolvimento da capacidade de trabalhar manualmente (tecnicamente, industrialmente) e o desenvolvimento das capacidades do trabalho intelectual.
A Escola Unitária, em sua última fase (e a que interessa mais de perto), é um espaço vivo, criativo, resultado de uma aprendizagem orientada por processos de investigação e conhecimento e que ocorre com o esforço voluntário e autônomo dos estudantes, mediada pelo professor.
Título: A escola unitária e a mediação do professor
Fonte: Prosa (2025l).
Assim,
descobrir por si mesmo uma verdade, sem sugestões e ajudas exteriores, é criação, mesmo que a verdade seja velha e demonstre a pose do método; indica que, de qualquer modo, entrou-se na fase da maturidade intelectual, na qual se pode descobrir verdades novas. Por isso, nessa fase, a atividade escolar fundamental se desenvolverá nos seminários, nas bibliotecas, nos laboratórios experimentais; é nelas que serão recolhidas as indicações orgânicas para a orientação profissional.
A Escola Unitária vislumbra, por fim, “criar os valores fundamentais do ‘humanismo’, a autodisciplina intelectual e a autonomia moral necessárias a uma posterior especialização, seja ela de caráter científico (estudos universitários), seja de caráter imediatamente prático-produtivo (indústria, burocracia, comércio, etc.)” (Gramsci, 2006, p. 39). E também, para além da escola, criar novas relações sociais e nova cultura, oriundas da integração entre trabalho intelectual e trabalho “industrial”, entre fazer e pensar. Essas são condições formativas necessárias para tornar a classe trabalhadora dirigente da sociedade.
Na organização do currículo integrado voltado para a EJA, é preciso, ainda, que se supere a rigidez do tempo escolar que submete o processo de ensino e aprendizado à lógica das séries e dos conteúdos. Nesse caso, “o educando deixa de ser o eixo vertebrador do processo educativo, em função da centralidade do conteúdo e do tempo institucional” (Silva, 2010, p. 166). A “competição” dos diversos tempos a que o estudante está submetido – do trabalho, da escolar, dos afazeres da vida particular etc. – tem se tornado mais um mecanismo de exclusão da escola.
Nessa mesma situação, pode-se colocar os processos de avaliação da aprendizagem desses estudantes, que perpetua a ideia de que não têm capacidade de aprender e que a produção do seu fracasso é de caráter estritamente individual. Em perspectiva contrária, esse momento pedagógico deve apreender o desenvolvimento do estudante e as dificuldades que impossibilitam a ampliação das suas múltiplas capacidades. O estabelecimento desse novo fundamento pode romper com mais uma lógica de exclusão e devolver a esses estudantes a motivação de que é possível ser mais (Brasil, 2007).
Quais experiências ou proposições podem nos inspirar frente à formulação do currículo integrado na EJA-EPT?
Apesar da formação e do currículo integrado não serem predominantes nas escolas conforme explicitado, há uma significativa produção de materiais que expressam experiências formativas desenvolvidas e proposições de trabalho pedagógico que podem ajudar na sua afirmação. Isso indica que a condição contraditória da história tem construído propostas e experiências educacionais contra-hegemônicas, objetivando a efetivação do direito à educação, da modalidade EJA e de processos formativos emancipatórios.
É possível acessar algumas dessas produções nos seguintes sites e referências:
- Atividade para se obter informações sobre as condições socioeconômicas dos estudantes da EJA, Portal eduCAPES: O trabalho ganha centralidade na EJA: instrumental formativo sobre as condições socioeconômicas para auxiliar na organização pedagógica a partir dos tempos e percursos dos sujeitos da EJA, de Darc Lene Braga Pereira e Mad’Ana Desireé Ribeiro de Castro;
- Livro digital sobre as possibilidades e desafios da implementação do currículo integrado no Ensino Fundamental, Médio e Proeja: Currículo Integrado, de Adriano Larentes da Silva;
- Informações e acesso às publicações do Fóruns EJA Brasil;
- Informações e acesso às publicações do III Encontro Nacional EJA-EPT (Proeja) da Rede Federal e do IV Encontro Nacional EJA-EPT (Proeja) da Rede Federal;
- Coleção dos Cadernos Pedagógicos do Projovem Campo Saberes da Terra (MEC, 2008; 2009; 2010a; 2010b).
Em seguida, reflita:
1) A elaboração do processo formativo de qualidade emancipatória do estudante da EJA, como já reconhecida e recomendada, deve ter como ponto de partida o conhecimento da sua condição de trabalhador, os saberes de que se apropria e os quais constrói ao longo da vida e a cultura em que está inserido. Ancorando-se nas formulações de Paulo Freire e no conceito de formação omnilateral, justifique essas indicações.
2) Elabore o plano de curso da sua disciplina ou um projeto de formação que contemple as premissas do currículo integrado, tendo como eixos o trabalho, a ciência e a cultura.