Quem são os trabalhadores - estudantes da EPT?

Afirmada a potencialidade da nossa atividade educacional a favor da formação ampla dos trabalhadores, precisamos identificar e reconhecer quem são os estudantes matriculados na EPT que buscam a formação profissional.

É importante destacar, também, como bem alertam Maria Clara Fischer e Naira Franzoi (2009), no texto sobre “Formação Humana e Educação Profissional: diálogos possíveis”, que o estudante trabalhador – quando reconhecido pela escola como tal – é figura central para contribuir na superação da dicotomia entre educação geral e educação profissional, trabalho intelectual e trabalho manual, teoria e prática. 

Isso porque eles são detentores de saberes do trabalho e de práticas cotidianas e culturais, que, devidamente articuladas com os saberes escolares, potencializam a produção e o enriquecimento dos conhecimentos.

É preciso reconhecê-los como produtores de conhecimentos, detentores de saberes e, sobretudo, sujeitos construtores da sociedade em que vivemos. Para isso, é importante saber: quem são eles?

O estudante trabalhador é aquele

[...] portador de uma cultura e de um patrimônio de experiências e de saberes desenvolvidos pelo corpo-si em situação de trabalho, na qual se fundem e, ao mesmo tempo, se separam trabalho intelectual e manual, criação e destruição.

(Muniz, Santorum e França 2018, p. 36). 

São jovens e adultos, trabalhadores e trabalhadoras, que, em grande parte, necessitam combinar o turno de trabalho com o horário de estudo, muitos possuem trajetórias profissionais diversificadas, mas não certificadas e carregam em si sua condição de classe.

Segundo os dados do Censo Escolar 2023, divulgados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Brasil, 2024), o perfil do estudante da EPT é composto por 75,1% de estudantes com menos de 30 anos. Em relação a gênero, há predominância de mulheres em todas as faixas etárias, sendo a faixa entre 40 e 49 a mais expressiva, na qual 62,9% dos estudantes são do sexo feminino.

No que diz respeito à raça, o Censo aponta que, de 1,8 milhão de estudantes da EPT que declararam cor, 55,6% são pretos e pardos, 42,5% são brancos e 1,9% são amarelos e indígenas. Os estudantes negros e pardos são maioria nas modalidades educacionais de EJA de nível básico, representando 79,4% dos matriculados, e em cursos de Formação Inicial e Continuada (FIC) ou de Qualificação Profissional, com 76,7%.

Observa-se a predominância de pessoas de cor preta e do gênero feminino. Mas, para além dos dados gerais, há uma diversidade de sujeitos: mulheres e homens, indígenas, quilombolas, imigrantes, pessoas com deficiência e privadas de liberdade, oriundos dos centros urbanos, do campo, das comunidades tradicionais e outros rincões do nosso imenso país.

É necessário o reconhecimento das especificidades desses estudantes trabalhadores, para que então sejam desenvolvidas abordagens pedagógicas e curriculares apropriadas e pertinentes, como afirmaram Fischer e Franzoi (2009).

Para refletir: o perfil dos estudantes-trabalhadores da rede federal de EPT

Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia (IFs)

Título: Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia (IFs) 
Fonte: Ministério da Educação (2024b).

Neste momento de reflexão, você terá a oportunidade de pensar sobre quem são os estudantes trabalhadores da sua unidade escolar. São homens, mulheres, imigrantes, indígenas, quilombolas, PcDs, pessoas privadas de liberdade ou egressas do sistema prisional, LGBTQIAP+s   etc.? De onde vêm? Que sonhos carregam? Nossas práticas pedagógicas presenciais, ou em EaD, e nossa visão e modelo de Gestão abarcam as especificidades e as diversidades presentes no ambiente da EPT?

Lembre-se de registrar suas reflexões no Memorial ou de seguir as orientações dos seus tutores sobre essa atividade.