Prática social: lutas, reivindicações e direitos em busca de uma formação humana integral

As lutas e práticas sociais, os saberes do trabalho e da cultura são pontos de partida no processo de formação do estudante trabalhador. A integração desses saberes e elementos culturais ao currículo escolar se constitui no desafio mais importante das práticas pedagógicas, educativas e de gestão no âmbito da EPT.

Fazer a cabeça do trabalhador com as mãos, como afirma Frigotto (1983), é uma perspectiva pedagógica do capital. Você separa o fazer do pensar. Aqui parafraseamos Frigotto para dizer que é preciso fazer a cabeça do trabalhador com o corpo todo. Isto é, os profissionais da EPT precisam se colocar na construção de uma formação humana integral que tenha o trabalho como princípio educativo, a indissociabilidade entre fazer e pensar e entre teoria e prática. Portanto, fazer a cabeça do trabalhador com o corpo todo é um desafio pedagógico e uma exigência ético-política. Mas só é possível fazê-lo a partir da prática social do povo e com o povo.

É importante destacar que, no mundo do trabalho, o capital se utiliza de mecanismos de precarização do trabalho e de miserabilização do ser humano para dispersar cada vez mais os trabalhadores que, muitas vezes, deixam de reconhecer-se como classe e lutar coletivamente. É um mecanismo de controle e dominação.

A formação profissional está no centro da disputa entre capital e trabalho porque se refere à construção da identidade do trabalhador e à possibilidade de potencializar a força de trabalho, na sua capacidade de produzir e de se transformar. Por isso, a luta pelo trabalho e pela educação, entendendo-os como direitos, compõe a pauta das muitas organizações sindicais, movimentos sociais e outras organizações defensoras da democracia. Muitas dessas lutas se transformaram em políticas públicas que continuam sendo construídas e disputadas.

Como exemplo dessas lutas, temos o ensino integrado, o PROEJA e outras políticas públicas educacionais que buscam colocar o trabalho como princípio educativo e o ser humano no centro do processo formativo. Além disso, com vistas à educação coletiva que permita o reconhecimento e o fortalecimento da identidade de classe, essas ações se contrapõem às práticas educativas fragmentadoras e subordinadas ao mercado.

Uma educação que parta da prática social dos trabalhadores e que busque a integração de saberes precisa estabelecer canais permanentes de diálogo com as organizações populares e com os movimentos sociais, fortalecendo uma troca permanente de experiências, de práticas e de saberes produzidos socialmente.

Para refletir: as ações na minha comunidade

Chegamos à última reflexão deste capítulo.

Na sua unidade escolar e/ou na sua comunidade, vocês desenvolvem (ou já desenvolveram) alguma ação, projeto, programa ou política de fortalecimento da formação integral dos trabalhadores? Que práticas pedagógicas e de gestão potencializam as lutas pelo direito à educação e ao trabalho? A sua unidade escolar possui aproximação e ou parceria com alguma organização social de trabalhadores?

Registre a sua experiência em seu Memorial, destacando em que sentido ela contribui ou contribuiu para a formação integral desses trabalhadores.