A Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV)

Foi criada, em 1985, no Rio de Janeiro (RJ), sob a denominação de Politécnico de Saúde Joaquim Venâncio, a Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV); recebeu a sua atual denominação no ano de 1989. 

Título: Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio, Rio de Janeiro
Fonte:
EPSJV/FIOCRUZ (2017).
Elaboração:
FIOCRUZ (2017).

A EPSJV é vinculada ao Ministério da Saúde como unidade da FIOCRUZ desde sua origem, e atualmente integra a Rede de Escolas Técnicas do SUS (RET-SUS), sendo especializada em Educação Profissional em Saúde. Ainda é pequena do ponto de vista quantitativo: sua matrícula nos cursos de EMI, em agosto de 2024, era de 290 estudantes. Não obstante, a concepção da escola, a proposta pedagógica, a infraestrutura e as práticas educativas, desenvolvidas ao longo de mais de 30 anos de existência, são dignas de registro e de ampliação para outros espaços, conforme indica Demerval Saviani em seu artigo "O choque teórico da politecnia. Trabalho, Educação e Saúde" (2003).

A escola, que já foi concebida a partir do referencial teórico da politecnia, teve seu primeiro curso em 1988, à época 2º grau profissionalizante, na vigência da Lei nº 5.692/1971. Oferecia as habilitações em Histologia, Patologia Clínica e Administração Hospitalar, e a aula inaugural foi proferida pelo professor Gaudêncio Frigotto.

Em 1987, Frigotto realizou o 1º Seminário Choque Teórico com a finalidade de discutir a concepção de politecnia e elaborar o referencial teórico-conceitual da escola. Dois anos depois, em 1989, o 2º seminário recebeu como palestrante o ilustre professor Dermeval Saviani. Acerca da ocasião, Saviani (2003, p. 131) sintetiza que “a exposição foi gravada e transcrita, tendo sido publicada no livro Sobre a concepção de politecnia (Saviani, 1989) acompanhada do debate que se lhe seguiu”.

Como se vê, a EPSJV é um espaço institucional que se fundamentou na politecnia compreendida como formação omnilateral, proporcionada pela escola unitária e que engloba a dimensão intelectual, a física e os princípios gerais de todos os processos de produção contemporâneos, visando a união entre formação intelectual e trabalho produtivo (Saviani, 2003).

Por isso, a ênfase na importância de materializar a concepção formativa politécnica como caminho a ser trilhado para superar a divisão entre trabalho manual e trabalho intelectual, origem de outras divisões que desumanizam os seres humanos (Saviani, 2003). Ainda de acordo com o professor, 

faz, pois, todo sentido fortalecer projetos como o da Escola Politécnica da Saúde Joaquim Venâncio, estendendo essa experiência a outras modalidades de atuação educativa e multiplicando-a em todo o país

(Saviani, 2003, p. 151).

Acerca do quadro docente do EMI da EPSJV, o banco de orientadores do Projeto Trabalho, Ciência e Cultura, de 2023, evidencia que os professores da instituição são altamente especializados. Dos 79 profissionais, 51 (64,6%) são doutores, 24 (30,4%) são mestres e 4 (5%) são especialistas. O espaço tem infraestrutura própria que é bastante adequada aos cursos desenvolvidos, como biblioteca e laboratórios especializados na área de saúde. Cabe destacar também que os laboratórios de Formação Geral na Educação Básica (LABFORM), de Iniciação Científica na Educação Básica (LIC-PROVOC) e  do Trabalho e da Educação Profissional em Saúde (LATEPS) desenvolvem atividades que contribuem diretamente para a integração entre a Educação Básica e a EPT, por meio de atividades educativas teórico-práticas de natureza integradora. De acordo com o site da EPSJV (2025), o LABFORM “[...] articula esforços de ensino, pesquisa e desenvolvimento tecnológico a partir da premissa da integração entre Educação Básica e Educação Profissional”.

Evidentemente, nessa caminhada da EPSJV também há dificuldades. Destacamos aqui, a modo de exemplo, um problema bastante significativo. No debate ocorrido no primeiro Seminário Choque Teórico (1987), a professora Mirian Jorge Warde abordou uma das questões teórico-práticas cruciais do ensino integrado: a dificuldade de colocar profissionais com trajetórias formativas distintas para atuar em conjunto, visando a formação integrada e integral dos estudantes. Nas palavras de Warde:

Coloca-se o pessoal ligado a questões técnicas mais específicas para discutir filosofia da educação, por exemplo, mas eles não estão muito interessados nisso, estão interessados em transmitir os conhecimentos técnicos que têm

(EPSJV, 2016, p. 65).

Essa é uma questão crucial do ensino integrado e não ocorre apenas entre professores das disciplinas técnicas e as de formação geral, embora essa seja a situação mais recorrente. Essa dificuldade também ocorre entre as disciplinas das áreas de conhecimento do Ensino Médio, cujos conteúdos, métodos de abordagem e epistemologias são distintos. Portanto, o trabalho integrado desses profissionais constitui-se em um desafio para o desenvolvimento de práticas educativas integradoras em qualquer institucionalidade.