Agora, a partir da constatação de que pretos, pardos e indígenas compõem a maior parte da população brasileira, serão abordados o racismo e a inclusão desses grupos na EPT.
A pesquisadora Bárbara Rocha Silva (2022) atesta que, no continente americano, o Brasil é o país que recebeu o maior número de africanos escravizados entre os séculos XVI e XIX. Descendentes de africanos, os pretos e os mestiços representam hoje cerca de 45% da população brasileira total, ou seja, são mais de 80 milhões de pessoas que tiveram (e ainda têm) uma notável participação na formação do povo brasileiro, contribuindo de forma decisiva na modelação da economia, da cultura e da identidade do país.
No entanto, para Zora Costa e Marlene Rodrigues (2020), a população negra, composta por pretos e pardos, ainda encontra dificuldades em sua plena integração e inclusão social. De forma pouco coerente, essas populações ainda vivenciam cotidianamente situações de racismo e preconceitos. Uma das particularidades do racismo em nosso país é o mito da democracia racial, discurso alardeado por alguns grupos, de que o Brasil não é um país racista. Além de ocultar as desigualdades raciais e tentar encobrir os conflitos, prejudica o processo de construção da identidade coletiva dos negros, atrasando também a discussão sobre as solicitações de políticas de ações afirmativas, a fim de reduzir esse fosso de desigualdades.
Para Joana Oliveira (2019), no país em que brancos e negros são separados pelo abismo social desde o nascimento, estes últimos se veem obrigados a lidar com questões de discrimação racial desde a infância, enquanto os primeiros não costumam enxergar (ou reconhecer) sua própria etnia.
Nesse contexto, , a ex-ministra da Igualdade Racial do Brasil, afirma que
[...] nas ações e lutas desenvolvidas pela população negra nos séculos XIX, XX e no começo do século XXI, uma questão sempre atraiu a sua atenção graças ao seu papel estratégico na sociedade: a educação. Essa se tornou uma forte bandeira de luta do Movimento Negro no século XX
Título: A inclusão racial na sala de aula
Fonte: Prosa (2025c).
Dessa maneira, a proposta de uma educação omnilateral surge no âmbito social como uma esperança de preparar as pessoas para o desenvolvimento pleno de suas potencialidades. O princípio constitucional da igualdade garante a sua posição como um direito de todos e dever do Estado; e na seara da equidade, a “discriminação positiva” propicia o advento das Políticas de Ações Afirmativas como necessárias para a garantia do direito de acesso de grupos marginalizados a uma educação pública, gratuita e de qualidade.