CAPÍTULO 2

Pensando na diversidade: quem são os estudantes da EPT? (Parte II)

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Na primeira parte deste capítulo, no qual refletimos sobre a diversidade dos alunos da EPT, falamos sobre os trabalhadores e seus filhos: a classe trabalhadora ou a “classe que vive do trabalho”; sobre os jovens, adultos e idosos; sobre as mulheres e, também, sobre a comunidade LGBTQIA+ na EPT.

Nesta segunda parte, estenderemos a reflexão para outros grupos sociais também precarizados, que passam por situações de desigualdades e preconceitos e que precisam, igualmente, de uma atenção especial para que tenham suas identidades e individualidades respeitadas. Então, continuaremos refletindo sobre a diversidade na EPT, porém a partir da necessária inclusão de alunos negros e indígenas, bem como da população quilombola.

Como os integrantes desses grupos são alunos potenciais da EPT que buscam, na formação omnilateral ofertada, uma oportunidade de desenvolvimento humano e social, a descoberta e o aprendizado de uma profissão e uma forma de sentir-se parte da sociedade, trataremos também das ações afirmativas de inclusão. 

Para melhor entendermos de qual lugar se originam as necessidades dessas categorias, e assim compreendermos a importância e a vitalidade das ações afirmativas, devemos aprofundar inicialmente na história dessas populações inseridas no contexto histórico-social do nosso país.

O Brasil é um país continental e a formação do seu povo se deu pela interação dos povos originários – os indígenas –, que já ocupavam a terra muito antes da chegada dos brancos europeus e dos negros de diversas partes do continente africano, e que para cá foram trazidos pela imigração forçada para fins escravagistas. 

A miscigenação, como um fenômeno cultural e social entre diferentes grupos étnicos, ocorreu durante o período Colonial e se estendeu até o final do século XX. Essa mistura abrange principalmente três principais grandes grupos: indígenas, africanos e europeus; mas, desde a chegada dos colonizadores portugueses no século XVI, o Brasil passou por uma série de processos de miscigenação, que ocorrem até os dias atuais.

A colonização, a escravidão africana e a imigração europeia contribuíram para a formação da diversidade étnica brasileira, mas outros grupos, como os asiáticos, judeus e aqueles oriundos de diferentes regiões do globo que para cá vieram, tornam a população brasileira diversa de forma racial, social e cultural. Assim, os dados do Censo Demográfico de 2022, realizados pelo IBGE, destacam a realidade e a complexidade das identidades raciais no país e o impacto de fatores históricos, sociais e econômicos na formação de sua composição demográfica, como pode ser visto no infográfico a seguir.

card do curso

Título: Composição demográfica brasileira
Fonte:
Censo Demográfico (2022).
Elaboração:
 Prosa (2024a).

Além da questão racial, a miscigenação também se reflete nas práticas culturais, nas tradições, na culinária e na música. A presença de ritmos como samba e bossa nova, que surgiram da combinação de influências africanas, indígenas e europeias, exemplifica essa diversidade. Portanto, a miscigenação no Brasil é um fator central na formação da identidade nacional e, embora a diversidade étnica seja uma característica valorizada, o país ainda enfrenta desafios em relação a desigualdade racial e à inclusão social. A discussão sobre a miscigenação deve ser feita com sensibilidade, reconhecendo tanto as riquezas culturais que ela traz quanto os problemas históricos que ainda persistem, tais com o o racismo e a discriminação a negros, pardos e indígenas.

Para refletir: a miscigenação brasileira e os seus desdobramentos

Como já abordado, o debate sobre a miscigenação brasileira está atrelado à produção de uma noção de identidade nacional que desemboca em problemas históricos, a forma violenta como se deu esse processo e as consequências disso para as populações e grupos étnicos envolvidos. 

Para aprofundar sobre o tema, acesse também os trabalhos de:

1) RIBEIRO, Darcy. O povo brasileiro: a formação e o sentido do Brasil. 34ª ed. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.

2) FREYRE, Gilberto. Casa-Grande & Senzala: formação da família brasileira sob o regime de economia patriarcal. 51ª ed. São Paulo: Global Editora, 2006.

3) RIBEIRO, Raymundo Souza; MENEZES, José Carlos Gomes dos Reis (Orgs.). O Livro do Mestiço. 1ª ed. Brasília: Movimento Nação Mestiça, 2013.

4) SCHWARCZ, Lilia Moritz. O espetáculo da miscigenação. In: A recepção do darwinismo no Brasil. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz, 2003.

Registre as suas reflexões em seu Memorial e faça conexões com os demais conteúdos do capítulo. 

Bons estudos!