Pesquisa: uma introdução

O termo 'pesquisa' deriva do latim, e segundo Oscar Silva (2004), tem-se: “[...]  perquirere que significa perquirir, buscar com cuidado, informar-se de” (p. 1038). Da mesma forma, Francisco Borba (2004) descreve que implica a “[...] ação de pesquisar, busca, investigação; trabalho científico que registra os resultados de uma investigação” (p. 1.067). Concerne a uma das dimensões do trabalho pedagógico, pois, para a realização deste, há que se pesquisar continuamente. Pode constituir-se em um princípio pedagógico que organiza a produção do conhecimento por meio da pesquisa; nesse caso, trata-se de uma escolha dos professores em seus planejamentos: instituir a pesquisa como princípio.

De toda sorte, pesquisar é um procedimento natural dos seres humanos sempre que necessitam conhecer algo. 

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Título: Pesquisar inerente ao ser humano
Fonte: Prosa (2025a).

 

Inserido nas instituições educacionais, torna-se uma ação que demanda sistematização, método e registros próprios de uma atividade científica que busca validação. Pesquisa-se, nesse contexto, para encontrar possíveis respostas a uma problematização, e desta derivam os aspectos teóricos e metodológicos que orientarão toda a investigação. 

Nessa esteira, 'teoria' é um termo de origem grega, de acordo com Maria Cecília Minayo:

[...] theorein, cujo significado é ver. A associação entre ver e saber é uma das bases de qualquer ciência 

(1994, p. 16).

Por essa razão, uma vez delimitada a perspectiva teórica, a pesquisa se inicia através de uma pergunta, uma problematização normalmente proveniente de conhecimentos prévios que demandam ser aprofundados por referenciais e pela inserção na realidade em aspectos ainda não conhecidos. 

A pesquisa, atividade fundamental nas ciências, objetiva o ato de perguntar e de descobrir sobre o mundo e seus fenômenos. De acordo com Minayo (1993), 

É uma atitude e uma prática teórica de constante busca que define um processo intrinsecamente inacabado e permanente. É uma atividade de aproximação sucessiva da realidade que nunca se esgota, fazendo uma combinação particular entre teoria e dados

(p. 23).

A partir desta descrição etimológica , conceitual e filosófica, propomos uma questão básica: em que local é possível realizar pesquisa? 

Destacamos a sala de aula como o espaço e o tempo em que mais se intensifica a pesquisa, segundo Vieira et al. (2019), porém, entendemos que a pesquisa pode transcender esse território e ser desenvolvida em diferentes espaços sociais, incluindo a internet, posto seu objetivo de estabelecer relação entre os sujeitos, o mundo e o conhecimento. O conhecimento é social, demanda interação entre pessoas e, ainda, entre pessoas e os artefatos científicos: este é o motivo de a pesquisa acontecer em espaços sociais.

Um dos princípios da atual política nacional de formação dos profissionais da EPT consiste em considerar a prática social como produtora de conhecimentos. Isso significa que as pessoas, por meio de suas relações sociais e vivências, criam e compartilham conhecimentos a partir de suas necessidades e valores. Portanto, quando chegam aos livros, eles já percorreram as interações sociais e adquiriram significados sociais testados pelas práticas sociais. São conhecimentos coletivos, sociais.

Em quaisquer espaços e tempos, Mirian Goldenberg (1999, p. 106) sugere um percurso para que a pesquisa seja considerada ciência:

[...] a) a existência de uma pergunta que se deseja responder; b) a elaboração de um conjunto de passos que permitam chegar à resposta; c) a indicação do grau de confiabilidade na resposta obtida.

Tratando-se de pesquisa na área da Educação, o percurso passa pela fase do planejamento, da execução e redação e/ou comunicação.

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Título: 3 passos da pesquisa
Fonte: Prosa (2025b).

É importante sinalizar que existem critérios para delimitar a realização da pesquisa, como: a relevância científica e social do estudo; um bom embasamento teórico para desenvolvimento do campo de estudo; objetivos bem definidos; procedimentos metodológicos adequados e descritos; e uma análise densa evidenciando os avanços em relação à produção científica (André, 2001).

A aplicação dos conhecimentos à educação implica uma pesquisa caracterizada por teorias apropriadas pelos pesquisadores, além de uma escolha fundamentada da metodologia, o que resultaria em uma 

[...] análise interpretativa dos dados, de sua organização em padrões significativos, da comunicação precisa dos resultados e conclusões e da sua validação pela análise crítica da comunidade científica

(Mazzotti, 2001, p. 48).

De todo modo, é importante que os pesquisadores determinem inicialmente a abordagem científica. Esta, referente aos estudos pregressos, indica a posição adotada pelos sujeitos em relação ao que estudarão. A abordagem dependerá da escolha teórica que movimenta os sujeitos, podendo ser fenomenológica, positivista, dialética, entre outras. Já foi mencionado anteriormente a Análise dos Movimentos de Sentidos (AMS), que se trata, também, de um fundamento teórico-metodológico que pode orientar e determinar os procedimentos de pesquisa. 

No que concerne aos procedimentos metodológicos, há inúmeras técnicas para a produção de dados disponíveis para a seleção por parte dos pesquisadores em consonância com a perspectiva teórica adotada, quais sejam: pesquisa bibliográfica, observação, questionário, entrevista, estudo de caso, análise documental, história oral, história de vida, pesquisa participante, entre muitos outros.

Do mesmo modo, para a análise dos dados, há a análise de conteúdo, de discursos, da hermenêutica, entre outros.

Para leitura complementar sobre abordagem dialética, indicamos o livro Pesquisa em ciências humanas e sociais, de Antônio Chizzotti (2018).

Para aprofundar seus conhecimentos, recomendamos a leitura de alguns artigos sobre a AMS na Revista Brasileira de Educação, de 2020, 2022, 2023 e seguintes: