capítulo 1

Sujeitos, materiais didáticos digitais e seus contextos de aprendizagem 

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Neste primeiro capítulo, abordaremos os sujeitos envolvidos nos processos de ensino-aprendizagem, seus contextos de aprendizagem e a mediação do ensino por materiais didáticos digitais (MDDs), objetivando sensibilizar e trazer informações acerca das diversas possibilidades de utilização desses materiais. Partindo desse pressuposto, destacamos a necessidade de produzir materiais com explícita intencionalidade pedagógica, considerando contextos específicos, de acordo com as diversidades de público.

No caso dos sujeitos profissionais da Educação Profissional e Tecnológica (EPT), importante atentar para as suas características e especificidades, tendo em vista que constituem um grupo plural, marcado por diferentes trajetórias, formações acadêmicas, territórios e condições sociais. Estão igualmente distribuídos por sexo, sendo 51% do sexo masculino e 49% do feminino. Essa distribuição difere daquela do ensino médio, em que 58% são do sexo feminino (Brasil, 2023). Quanto à faixa etária, dentre os docentes que atuam no ensino profissional e tecnológico, a maioria está nas faixas entre 30 e 39 anos e 40 e 49 anos, mas é expressivo também o número de professores em início de carreira e aqueles com mais de 50 anos de idade. Em termos da distribuição dos docentes da EPT por raça/cor, os dados da série histórica do Censo Escolar entre 2010 e 2022 indicam um percentual significativo dos que não declararam a sua cor, ainda que com queda de 37% para 26%. Os negros (pretos e pardos) continuam sub-representados em números absolutos e em percentuais na EPT, constituindo apenas 25,2% do corpo docente. Não obstante essa realidade, em 12 anos o número de docentes negros (pretos e pardos) e indígenas mais que dobrou (Brasil, 2024).

Esses profissionais atuam tanto em grandes centros urbanos quanto no interior do país. A formação acadêmica deste público é diversificada, com destaque para as áreas do conhecimento das ciências humanas e exatas, bem como das ciências agrárias, da saúde, biológicas e das engenharias, dentre outras, favorecendo abordagens interdisciplinares e críticas. Quanto à formação pedagógica, 84% dos docentes que atuam nas disciplinas básicas do ensino médio possuem licenciatura ou algum tipo de formação pedagógica; já entre os que lecionam disciplinas profissionalizantes, esse percentual cai para apenas 48% (Diretrizes, 2024).

A ilustração mostra as oito personas que serão apresentadas ao longo do curso, em uma sala de informática.

Título: Sujeitos envolvidos nos processos de ensino-aprendizagem
Fonte: Prosa (2025a).

Ao considerar os preceitos da Educação a Distância (EaD) e as bases conceituais da EPT, buscamos propiciar uma formação emancipatória e transformadora. Nosso intuito é que a aprendizagem seja significativa e que os sujeitos se reconheçam como parte ativa do processo, tornando-se protagonistas da construção do conhecimento.

No que se refere ao público direto e indireto, em diferentes contextos educacionais, os MDDs são utilizados por, de um lado, os cursistas, com os quais os materiais didáticos devem estabelecer um diálogo, em congruência com suas realidades, e, de outro, os educadores, que têm a incumbência de ressignificar e coproduzir materiais didáticos, com contornos que vão ao encontro das especificidades do grupo envolvido no espaço de ensino-aprendizagem.

Nesse sentido, aspectos como interatividade, usabilidade, comunicabilidade, acessibilidade e valorização das especificidades – considerando marcadores sociais, econômicos, individuais, condições de acesso, demandas específicas da EPT – orientam a construção dessa tessitura.

 

Os Sujeitos

Ao resgatar o conceito de EaD apresentado na Unidade Temática (UT) sobre Cultura Digital e EPT, podemos perceber que essa forma e organização de oferta se estrutura com metodologia própria e com materiais didáticos desenvolvidos considerando as necessidades dos estudantes. E é sobre isso que trataremos neste capítulo.

De acordo com o Decreto 12.456/2025, educação a distância é o "processo de ensino e aprendizagem, síncrono ou assíncrono, realizado por meio do uso de tecnologias de informação e comunicação, no qual o estudante e o docente ou outro responsável pela atividade formativa estejam em lugares ou tempos diversos".

Para pensarmos sobre a produção de materiais didáticos para a EaD na EPT, precisamos conhecer os estudantes, saber de suas especificidades e de suas necessidades, entender quem são as possíveis personas que os utilizarão para, assim, podermos avaliar como elaborá-los de forma a atender à diversidade de perfis. Afinal, todo curso pressupõe um público.

  • As imagens mostram um ambiente de escritório bem iluminado, com algumas mulheres sentadas com seus computadores. O título: O público do curso.
  • Na primeira, lê-se: E quem é o público desse curso? Podemos dizer que temos dois tipos de público: direto e indireto.
  • Na segunda e na terceira, leem-se as definições: público direto é composto por formadores, responsáveis por ministrar o curso em uma instituição específica. E o público indireto corresponde aos alunos do curso.

Título: O público do curso
Fonte: Schuler (2023). 
Elaboração: Prosa (2025b).

Pensando nesse público, o objetivo desse capítulo é sensibilizar acerca dos diferentes perfis de sujeitos envolvidos nos processos de ensino-aprendizagem, trazendo elementos da diversidade cultural, linguística, étnica e de condição física, bem como seus respectivos marcadores sociais, econômicos, individuais e seus contextos de aprendizagem. 

Assim, é importante ter em mente que poderemos ter estudantes, ou até mesmo formadores, com alguma deficiência – física, visual, auditiva, intelectual – ou com o Transtorno do Espectro Autista (TEA), que, para efeitos legais, é considerado uma deficiência; pessoas com transtornos funcionais específicos, como a dislexia, disgrafia, disortografia, discalculia; sujeitos que apresentam uma condição cultural ou linguística diferente do padrão encontrado nos bancos escolares; indígenas, quilombolas e ribeirinhos; pessoas sem letramento digital ou com problemas de conectividade, entre tantas outras diversidades.

Para refletir: perfis e contextos de aprendizagem

E você, já refletiu sobre o perfil dos estudantes deste curso de especialização, bem como sobre os possíveis futuros estudantes da EPT e os diferentes cenários ou contextos de aprendizagem em que estão inseridos?

Registre suas primeiras ideias em seu Memorial e/ou siga as orientações de seu professor e/ou tutor.

Considerando a diversidade do público deste curso, bem como dos atuais e futuros estudantes da EPT, apresentamos, neste capítulo, algumas personas que ilustram e exemplificam a amplitude de perfis existentes. O objetivo é apoiar a reflexão sobre nossas decisões político-pedagógicas na produção e no uso de materiais didáticos digitais na EPT.