Digitalizando a cultura, a comunicação e as interações sociais
Finalmente, é possível definir cultura digital:
A cultura digital consiste no conjunto de experiências, práticas, valores, hábitos, formas de pensar, interagir e comunicar-se, predominantes na contemporaneidade e que resultam das mudanças nos setores produtivos em decorrência do desenvolvimento das tecnologias digitais de informação e comunicação (Kenski, 2018; Bertoldo; Salto; Mill, 2018).
A singularidade da cultura digital está no fato de viabilizar novas possibilidades de comunicação e interação. Explicando melhor, as TDICs permitem a comunicação e a interação das pessoas entre si, entre pessoas, informações e aparatos tecnológicos e, ainda, dos aparatos entre si, na produção, compartilhamento e disseminação de informações (Bertoldo; Salto; Mill, 2018).
Dentre as novas formas de comunicação que surgem na cultura digital, podemos citar a comunicação em rede (própria das comunidades virtuais de aprendizagem), ou seja, aquela que se estabelece entre
“[...] todos-todos, muitos-muitos, multidirecional (ou bidirecional) em grupo”
Essas se constituem no ciberespaço para integrar pessoas, de diferentes regiões geográficas, com interesses, conhecimentos ou projetos em comum (Lévy, 2010).
Título: Comunicações em rede através do ciberespaço
Fonte: Prosa (2021b).
Elaboração: Prosa (2024).
O ciberespaço é definido, por Pierre Lévy (2010, p. 32), como o “novo espaço de comunicação, de sociabilidade, de organização e de transação, mas também como o novo mercado da informação e do conhecimento.”
Podemos dizer, então, que a cultura digital é disruptiva, no sentido de que (como prática social que ocorre virtualmente) ela rompe com os limites do tempo e do espaço, promovendo a mobilidade e a ubiquidade e, assim, viabilizando a participação e a presença das pessoas no ciberespaço.
E o que toda essa discussão sobre cultura digital tem a ver com a EPT?
A EPT é uma das modalidades educacionais previstas na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) e, como tal, resulta de lutas históricas por uma para a classe trabalhadora, tanto no nível básico da educação quanto no superior.
Como vimos ao longo deste segundo capítulo, é no trabalho que o ser humano se constitui como humano e é a partir da esfera produtiva que todos os aspectos da vida social, incluindo a cultura, erigem-se.
Portanto, uma educação voltada à formação de trabalhadores comprometidos com a transformação social deve tomar, como ponto de partida dos processos de ensino-aprendizagem, a cultura em que estão inseridos, problematizando-a.
Posteriormente, cabe aos educadores instrumentalizá-los, propiciando-lhes a apropriação dos conhecimentos teóricos e práticos, social e historicamente construídos pela humanidade, para que possam atuar com vistas à emancipação humana.
Além disso, por estarem inseridos na cultura digital, os estudantes da EPT são, também, sujeitos de sua dinâmica: comunicam-se por artefatos digitais, interagem entre si e com as tecnologias, produzem conteúdos, divulgam informações. Em suma, são autores, produtores e disseminadores de informações e conhecimento no interior dessa cultura – assim como você.
Então, como profissionais da EPT, é importante considerarmos as especificidades da cultura digital para promovermos processos de ensino-aprendizagem contextualizados e significativos.
No próximo capítulo de nossa unidade temática, aprofundaremos nossos estudos acerca das características da cultura digital, abordando a importância da alfabetização e do letramento digital para a formação crítica, ética, reflexiva e emancipatória dos jovens e adultos da EPT.
