Das TICs para as TDICs

A partir do que vimos até aqui, podemos compreender que o modo de produção capitalista, em sua fase contemporânea de expansão, condiciona a cultura na qual estamos inseridos.

Para compreendermos as mudanças tecnológicas e na produção que culminaram na cultura digital, pediremos ajuda a Pierre Lévy. Segundo o autor em Cibercultura (2010), embora os primeiros computadores tenham surgido na década de 1940 no contexto da II Guerra Mundial, foi somente a partir dos anos 1960 que adentraram os espaços de empresas para facilitar a execução de tarefas que envolviam grande quantidade de cálculos.

Na década de 1970, contudo, o desenvolvimento e a comercialização em escala dos microprocessadores possibilitaram a automação das máquinas, ampliando sua produtividade e alavancando mudanças significativas no setor produtivo.

O surgimento dos computadores pessoais nos anos 1980 popularizou a informática, que, paralelamente, articulou-se ao setor das telecomunicações, possibilitando assim novas formas de interação entre o ser humano e as TICs.

Para ilustrar o momento, Lévy (2010, p. 32, grifo nosso) comenta que

“[...] este decênio viu a invasão dos videogames, o triunfo da informática ‘amigável’ (interfaces gráficas e interações sensório-motoras) e o surgimento dos hiperdocumentos”.

Na passagem da década de 1980 para 1990, a disseminação da internet para além dos espaços produtivos criou as condições para a consolidação de uma nova cultura, a digital, ou como denomina Lévy (2010), a cibercultura. A infraestrutura que deu a base para a disseminação de mensagens e signos e que possibilitou novas formas de comunicação e interação foram, então, as tecnologias digitais de informação e comunicação (TDICs).

As TDICs têm como especificidade a transmissão de dados por meio da sequência de números 0 e 1 que, ao serem decodificados, convertem-se em imagens, sons, palavras, num processo que pode ser chamado de digitalização e virtualização (Kenski, 2018; Bertoldo, Salto, Mill, 2018).

Decodificação de dígitos binários

Título: Decodificação de dígitos binários
Fonte: Prosa (2023b).
Elaboração: Prosa (2024).

Retomemos agora a reflexão iniciada na página 3, sobre Inteligência Artificial (IA). Trata-se de uma tecnologia de aprendizado de máquina ou machine learning, que faz uso de algoritmos visando melhorar, de forma automática e contínua, o desempenho das máquinas a partir dos dados nela inseridos.

A Inteligência Artificial Generativa (IAGen), da qual faz parte o ChatGPT, é chamada de “generativa” porque gera conteúdos como resposta a questionamentos colocados numa interface de conversação. Para gerar esses conteúdos, ela coleta e utiliza dados online para analisá-los estatisticamente, buscando por padrões comuns na distribuição das palavras, por exemplo. Os conteúdos gerados podem ser textos escritos em linguagem natural, imagens, vídeos, música e códigos de software (Unesco, 2024).

Para saber mais a respeito do desenvolvimento histórico da IA, bem como de sua influência sobre a educação, sugerimos a leitura dos textos "Inteligência artificial na educação superior: avanços e dilemas na produção acadêmica" e "A inteligência artificial no contexto da cultura digital e os desafios na educação".