O conceito de escola unitária e a sua contribuição à aplicabilidade do trabalho como princípio educativo na EPT
A superação dessa dualidade estrutural da educação é proposta pela perspectiva gramsciana de escola unitária, por meio da qual se buscaria formar trabalhadores intelectuais, assim entendidos pela sua capacidade de compreender criticamente a realidade concreta existente e nela atuarem propositalmente, seja nas lutas sociais de sua classe ou na lida da vida cotidiana.
A concepção de escola unitária se refere àquela que promove a educação para o trabalho manual, técnico e operacional, bem como para o trabalho intelectual (Nosella, 2015). Ou seja, que garanta a todos o direito de acesso aos conceitos científicos, tecnológicos e históricos implicados na produção social, tendo como desafio assegurar aos sujeitos “[...] o acesso aos conhecimentos e à cultura construídos pela humanidade, de modo a propiciar a realização de escolhas e a construção de caminhos para a produção da vida” (Ramos, 2008, p. 2). Como mencionado acima, isso implica uma educação básica e profissional que integre o trabalho, a ciência e a cultura.
A partir do que vimos até aqui, é possível perceber que a educação profissional e tecnológica no Brasil – a educação das classes populares – esteve e está historicamente pautada por classe hegemônica . que reiteram a dualidade estrutural. Ou seja, que reforçam a divisão existente entre a educação técnica e precarizada para a classe trabalhadora e a educação propedêutica e superior para a
Afinal, um questionamento pertinente que devemos nos fazer é:
Como confrontar-se com ideias e mecanismos sociais e escolares que coíbem a compreensão crítica da realidade social?

Gramsci traz a perspectiva da contra-hegemonia ou da construção de uma nova hegemonia. Ele vê a escola unitária como uma instância necessária à garantia do percurso de formação voltada à emancipação humana. Ele também a vê como uma possibilidade de formar criticamente
da classe trabalhadora, um instrumento importante para a superação da hegemonia burguesa e para a construção de um novo projeto de sociedade.Pela prática pedagógica voltada à compreensão e à mudança da realidade social com base na mobilização da relação dialética entre teoria e prática, trabalho manual e trabalho intelectual, mente e corpo.
É possível que você esteja pensando que a educação das classes populares no Brasil não tem sido assim; ao contrário, tem sido simplesmente formação de força de trabalho com baixos níveis de qualificação e para atender às demandas de um mercado constituído na perspectiva da valorização do capital.
O problema é que a oferta de uma educação de caráter instrumental e aligeirado leva à reprodução do trabalho precarizado e periférico, mantendo e legitimando a divisão social de classes. Vemos, assim, na história da EPT brasileira, desde políticas segregadoras, com foco na valorização do capital, até outras, com foco no exercício do controle social de pequeno alcance para o enfrentamento das assimetrias sociais (Frigotto, 2014).
Para refletir: contexto social e educação
Título: O perigo de uma história única de Chimamanda Adichie
Fonte: Christiano Torreão (2014).
Você chegou ao primeiro momento de reflexão desta unidade temática. Lembre-se de registrar suas reflexões no Memorial e/ou de seguir as orientações dos seus tutores sobre essa atividade.
Mas, antes, assista à fala "O perigo de uma história única", da escritora nigeriana Chimamanda Adichie.
Em seguida, reflita:
- De acordo com os conceitos tratados até aqui, referentes ao contexto social, ao trabalho como princípio educativo e à escola unitária, como você relaciona cada um deles com o vídeo “O perigo de uma história única”?
- Tendo em mente a importância do impacto do contexto social na educação, tente localizar-se em uma classe ou grupo social. Em seguida, pense nos critérios que fundamentaram a sua escolha e os indique, em uma ordem que estabeleça do maior ao menor, o peso de cada critério escolhido.