capítulo 1
Horizonte: o trabalho como princípio educativo e a Escola Unitária – de onde viemos e para onde vamos?

Iniciaremos o percurso pelo capítulo I, que trata do seguinte questionamento: o trabalho como princípio educativo e a Escola Unitária: de onde viemos e para onde vamos?
O capítulo propõe discutir o trabalho como princípio educativo e sua aplicabilidade na Educação Profissional e Tecnológica (EPT), considerando os conceitos de escola unitária, a perspectiva omnilateral da formação humana, a politecnia e a sua efetivação.
O trabalho como princípio educativo (primeiro conceito discutido nesta unidade temática) versa sobre o trabalho como categoria central para a compreensão do processo da formação humana e, portanto, da educação na perspectiva histórico-dialética. A esse respeito, Manacorda (2019) se reporta à teoria gramsciana e à sua afirmação de que “o trabalho se constitui como princípio sobre o qual o processo eminentemente educativo se desenvolve” (p. 12).
O segundo conceito discutido é o de escola unitária, conceito sistematizado por Gramsci, uma referência fundamental para se pensar um modelo educativo superador da dualidade educacional, ao propor a unidade entre a educação fundada nas humanidades e a educação técnico-científica, articulação capaz de propiciar o desenvolvimento ampliado das capacidades humanas e contribuir para o alcance de uma formação omnilateral.
No Brasil, historicamente – com o predomínio do conservadorismo das classes dominantes – a formação intelectual (científica e literária) é reservada a essas classes; em contraposição, à classe trabalhadora se reserva o limite da educação elementar e do preparo para as atividades práticas e profissionalizantes. Dualismo educacional é o nome que se dá a essa antinomia, uma assimetria reforçadora das desigualdades sociais.
A partir da década de 1990, o debate entre educadores progressistas sobre esse tema se aprofundou, acompanhado da crítica ao modelo neoliberal pelo qual a educação deve “servir” ao mercado e funcionar à sua semelhança. Do embate entre os pólos contrários, têm-se as alterações em políticas, ora em favor de avanços democráticos, ora em proveito dos retrocessos.
E é nessa oscilação (entre o “de onde viemos”) que a EPT tem conseguido operar aproximações significativas à formação integral (o para “onde vamos”).