capítulo 1

O trabalho na Educação Profissional e Tecnológica

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A Educação Profissional e Tecnológica no Brasil precisa dialogar com o trabalho e com os processos de profissionalização; entretanto, foi constituída para subordinar a formação dos trabalhadores ao mercado de trabalho. Mas como todo processo educativo, o escolar, em especial, é um campo em disputa, sobretudo entre dois grandes projetos: um que busca submeter suas finalidades aos interesses do mercado e outro que se apresenta em uma perspectiva de emancipação da classe trabalhadora.  

Para entendermos esse processo de disputa de projetos educativos na EPT, é importante demarcar em nosso horizonte de que trabalho falamos, pois o trabalho se apresenta em duas grandes dimensões:  uma dimensão constitutiva do ser humano, o trabalho em sua dimensão ontológica, ou seja, o trabalho que define a essência humana, e o trabalho nas formas históricas que ele assume, na atualidade como trabalho assalariado, na forma capital.

Para  Marx (1875),  Engels (1877) e  Saviani (2010),  o trabalho é a atividade produtiva fundamental da existência humana. Pelo trabalho, o ser humano transforma a natureza e cria a si mesmo: é pelo trabalho que se constitui o ser social, prático, criador, trabalhador e histórico.

A relação do ser humano com a natureza, transformando-a para atender às suas necessidades, é o que chamamos de trabalho. 

Para Saviani (2007, p. 154),

[...] o homem não nasce homem. Ele forma-se homem. Ele não nasce sabendo produzir-se como homem. Ele necessita aprender a ser homem, precisa aprender a produzir sua própria existência.

Assim, nos tornamos homens e mulheres pelo trabalho, nos humanizamos pelo trabalho. 

Quando separamos a força do trabalho do processo de produção e do produto do trabalho e a vendemos, chamamos o trabalho de emprego ou de trabalho assalariado; quando o trabalhador não se reconhece mais no produto do seu trabalho, chamamos essa situação de alienação. É assim que se apresenta o trabalho nas sociedades modernas dentro da estrutura capitalista.

Para o capitalismo, quanto mais o trabalhador se separa do produto de seu trabalho, distancia-se e não se reconhece nele, mais ainda é possível controlar sua força de trabalho e gerar lucros – que serão usufruídos por poucos.