Extensão e trabalho pedagógico

Conforme o documento "Indissociabilidade ensino-pesquisa-extensão e a Flexibilização curricular: uma visão da extensão", publicado pelo Fórum de Pró-Reitores de Extensão das Universidades Públicas Brasileiras, realizado na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, em 2006, extensão é um “[...] processo educativo, cultural e científico” (Brasil, 2006), cujo objetivo é aproximar pesquisa e trabalho pedagógico na medida em que também possibilita ações transformadoras entre instituições de Ensino Superior e sociedade. Nessa perspectiva, por meio da extensão, o Ensino Superior coloca em evidência o conhecimento produzido, alimentando-o e o retroalimentando, como foi visto acima. E vai além: estimula, ainda, uma leitura, interpretação e ação no social de modo integrado e científico, tendo como suporte a relação indissociável entre teoria e prática.

Mais recentemente, o Parecer CNE/CES nº 608/2018, contemplando as Diretrizes para as Políticas de Extensão da Educação Superior Brasileira, foi publicado. Associado às normativas citadas no box anterior, preconiza:

As Diretrizes para a Extensão na Educação Superior Brasileira regulamentam, portanto, as atividades acadêmicas de extensão dos cursos de graduação, na forma de componentes curriculares para os cursos, considerando-os em seus aspectos que se vinculam à formação dos estudantes, conforme previstos nos Planos de Desenvolvimento Institucionais (PDIs), e nos Projetos Políticos Institucionais (PPIs) das entidades educacionais, de acordo com o perfil do egresso, estabelecido nos Projetos Pedagógicos dos Cursos (PPCs) e nos demais documentos normativos pertinentes  

(Brasil, 2018b, p.  12).

É importante observar que o parecer denomina como extensão o conjunto de atividades que impactam o ambiente além da Instituição de Ensino Superior, repercutindo no processo educativo dos estudantes. Destacamos também a indicação de que as práticas estejam previstas nos planejamentos institucionais, entre eles, o Projeto Pedagógico institucional e de Curso (Brasil, 2018b). Com isso, sobretudo nas licenciaturas, elas impactarão o trabalho na educação, incluindo as modalidades de ensino – entre elas, a EPT.

Ainda sobre extensão, cabe considerar que, na perspectiva ora apresentada neste capítulo, teoria e prática, uma vez relacionadas, compõem a epistemologia necessária ao conhecimento da realidade, dando suporte às ações com vistas à transformação tanto do social quanto dos próprios seres humanos. Indica, assim, que não há cisão entre prática e teoria, dado que o pensamento humano as aplica em conjunto para a produção do seu existir, o que envolve o trabalho, os aspectos científicos, tecnológicos e culturais (Brasil, 2012).

A indissociabilidade como proposição visa garantir uma interseção o mais natural possível entre a pesquisa e a extensão, algo que repercute no trabalho pedagógico. Isso significa transcender a mera associação para efetivamente integrar e produzir conhecimentos que amparem e fortaleçam o trabalho pedagógico. 

Assim, esse trabalho na EPT tem como centro a associação legítima entre “[...] ciência/tecnologia e teoria/prática, na pesquisa como princípio educativo e científico, nas ações de extensão como forma de diálogo permanente com a sociedade” (Pacheco, 2011, p. 27). É indicado, então, que toda atividade de extensão esteja em consonância com a escuta dos sujeitos no entorno social da instituição. Partir das demandas desses sujeitos aproxima e integra melhor a instituição no seu contexto. Esse movimento contribui, ademais, para a produção do conhecimento relacionada ao social, impactando-o, objetivo último da EPT.

Para refletir: estágio obrigatório na EPT

E o estágio? qual é o lugar dele na relação indissociável entre teoria e prática? Seria um exemplo de extensão? 

O estágio obrigatório se configura em um momento do trabalho pedagógico em que os sujeitos levam ao campo, no mundo do trabalho, os conhecimentos produzidos. Assim, é marcado pela relação intrínsica entre teoria e prática, quando os estudantes agem em relação ao conhecimento científico que o curso lhe propiciou. Portanto, pode acontecer a qualquer momento dos estudos, desde que atendido esses pressupostos e com configurações e finalidades diversas: conhecer o campo de trabalho, participar de planejamentos, interagir com os sujeitos, produzir um trabalho orientado por alguém com experiência etc. 

Há inúmeras atividades de extensão em desenvolvimento na EPT, considerando Trabalho e Educação, ambos centrais no trabalho pedagógico nessa modalidade educativa ao social. Citamos alguns exemplos de atividades de extensão desenvolvidos na EPT:

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Título: Exemplos de atividade de extensão
Fonte: Prosa (2025f).

  • cursos de formação inicial, qualificação, aperfeiçoamento etc;
  • projetos com ações sociais;
  • projetos culturais;
  • projetos esportivos;
  • projetos ambientais;
  • visitas técnicas;
  • assistência técnica;
  • estágios não obrigatórios;
  • elaborações de projetos em comunidades etc.

Exercício: extensão e EPT

Para finalizar este capítulo, deixamos abaixo a seguinte indagação:

Você conhece, participa e/ou coordena alguma atividade de extensão na EPT? Relate e analise essa experiência, evidenciando por que ela se constitui em trabalho pedagógico.

Lembre-se de registrar suas reflexões em seu Memorial e/ou de seguir as orientações de seus tutores e professores durante essa atividade.

Ao concluir essa seção, enfatizamos o lugar da extensão na necessária vivência interativa entre a EPT e seu entorno social. Acreditamos que a extensão exista na interrelação com a pesquisa e o trabalho pedagógico. Portanto, não é atividade apartada deste: alimenta-o e o divulga.