A formação dos trabalhadores em disputa na EPT
A EPT é campo de disputa entre os que defendem uma formação cujo trabalho seja fundamento orientador das práticas educativas e os que defendem o trabalho como empregabilidade.
Martins (2021, p. 10) distingue trabalho de emprego e é enfático ao afirmar que essa distinção é basilar para a educação,
[...] porquanto assumido como princípio educativo o trabalho, o processo educacional terá um perfil, ou outro, caso se adote o emprego.
A escola é o lócus privilegiado da educação; colocar o trabalho como princípio educativo tendo como referência a formação humana omnilateral significa apontar caminhos de emancipação humana.
Então, se o trabalho e a educação são especificidades humanas, como afirma Saviani (2007), é preciso ensinar esse trabalho e torná-lo educativo para que nos humanizemos cada vez mais.
A isso, nós chamamos de trabalho como princípio educativo ou trabalho como princípio pedagógico. Uma forma de unificar aquilo que é indissociável: o trabalho e a educação, a teoria e a prática e o trabalho intelectual e o trabalho manual, como defendeu.
O trabalho como princípio educativo orienta um tipo de formação e um tipo de sujeito emancipado, criativo e livre. O trabalho como princípio educativo busca superar a separação entre fazer e pensar. Entre saber intelectual e saber manual. Porque o trabalho como princípio educativo é a unidade dialética desses saberes e fazeres.
Ele também é orientado por uma formação humana na perspectiva omnilateral, ou seja, por uma
[...] concepção de educação ou de formação humana que busca levar em conta todas as dimensões que constituem a especificidade do ser humano e as condições objetivas e subjetivas reais para seu pleno desenvolvimento histórico.
Logo, uma educação omnilateral se preocupa com a formação integral do ser humano, em todas as suas dimensões, potencializando-as.
Colocar o trabalho como princípio educativo no centro do processo educacional significa recuperar o papel do trabalho e da educação na constituição de uma outra sociedade, uma sociedade sem classes, na qual o trabalho não será instrumento de controle e de dominação, mas de emancipação humana.
Assim, a EPT é um campo de contradições e disputas na formação do trabalhador. É preciso reconhecer essas contradições e identificar as possibilidades de insubordinação ao processo de sociabilidade capitalista conformada pela educação.
Para refletir: o trabalho como orientador das práticas educativas
Chegamos à última reflexão deste capítulo: de que maneira podemos colocar o trabalho como orientador das práticas educativas, dos currículos e das gestões no atual modelo capitalista? Como isso vem se constituindo na EPT?
Não se esqueça de registrar sua reflexão no seu Memorial ou de seguir as orientações do tutor do curso.