A alegria de fazer parte da instituição remete, conforme aponta Dayane Santos (2009), à esfera simbólica da permanência estudantil, relativa às possibilidades que os estudantes têm de vivenciar a instituição de educação, de identificar-se com o grupo dos demais estudantes, ser reconhecido por estes e, com isso, de pertencer ao grupo. Ainda de acordo com a pesquisa de Dayane Santos (2009), as ações de permanência estudantil envolvem assegurar condições materiais e simbólicas para a permanência dos estudantes. A permanência simbólica se refere à questões que envolvem a valorização da autoestima, o apoio pedagógico e as relações de amizade, enquanto a permanência material abrange as condições de subsistência, tais como livros, transporte, alimentação, entre outros.
Na esfera simbólica, reforça-se a importância de considerar a diversidade e as diferenças humanas como elementos para que todos possam se sentir pertencentes à instituição. Neste viés, os núcleos de inclusão e acessibilidade têm desenvolvido importantes papéis no debate e no desenvolvimento de ações voltadas para a inclusão da diversidade.
Título: Diversidade e pertencimento na instituição de ensino
Fonte: Prosa (2025e).
A exemplo, no Instituto Federal Catarinense (IFC), há instituídos a partir da Política de Inclusão e Diversidade (IFC, 2024) em todos os campi e reitoria, sendo eles: o Núcleo de Acessibilidade às Pessoas com Necessidades Específicas (NAPNE); o Núcleo de Estudos Afrobrasileiros e Indígenas (NEABI) e o Núcleo de Estudos de Gênero e Sexualidade (NEGES).
A respeito da permanência, tanto simbólica quanto material, uma pesquisa realizada por Patrícia Moraes (2023) evidenciou algumas ações que têm sido desenvolvidas na EPT a fim de fortalecer a permanência estudantil, tais como:

Título: Ações para a permanência estudantil
Fonte: Moraes (2023).
Elaboração: Prosa (2025f).
Zanin (2019), em uma pesquisa envolvendo docentes, técnicos que atuam em equipes pedagógicas e gestores, apresenta-nos diversos movimentos voltados para a permanência estudantil, como:
- monitorias;
- atendimento aos estudantes em horários extraclasse;
- projetos de pesquisa e extensão;
- redução da carga horária semanal do curso (uma noite livre para atender aos estudantes trabalhadores);
- reestruturação de Projetos Pedagógicos de Curso (PPC);
- projetos de nivelamento e aulas de reforço;
- visitas técnicas;
- ações de busca ativa dos estudantes que desistiram de seus cursos;
- ações de acolhimento;
- manutenção da estrutura física e laboratórios.
Essas ações apresentam relevância e preocupação institucional com os estudantes. Entretanto, a autora destaca a ausência de um acompanhamento e de avaliações dos resultados das ações de apoio à permanência, e que possibilitassem refletir sobre a efetividade das ações (e repensá-las, quando necessário). Ademais, a autora destaca que, em certos momentos, essas ações de apoio têm se apresentado fragmentadas e isoladas, isto é, realizadas em um determinado campus ou especificamente em um curso, sem articulação institucional.
Seus estudos problematizam a importância de pensar ações que possam modificar a estrutura dual e excludente que historicamente se apresenta na Educação Profissional e Tecnológica, envolvendo, assim, questões centrais para o permanecer ou o abandonar, tais como práticas pedagógicas, reestruturação curricular, necessidades de seus sujeitos, cultura escolar, gestão pública escolar, formação continuada dos trabalhadores, dentre outras.
Diante disso, defendemos um compromisso institucional voltado para a formação dos trabalhadores da educação enquanto política pública, por entender que criar espaços de debates e formações continuadas, numa perspectiva crítica e emancipadora humana, é uma ação fértil para fomentar e fortalecer a permanência estudantil.
Para refletir: ações para a permanência
Para saber mais sobre o tema, aqui estão algumas sugestões de leitura:
- "Abandono e permanência escolar: analisando olhares de trabalhadores da educação do IFSC", de Alexsandra Joelma Dal Pizzol Coelho Zanin e Nilson Marcos Dias Garcia;
- "Permanência e abandono escolar na educação profissional: refletindo sobre alguns de seus motivadores", de Alexsandra Joelma Dal Pizzol Coelho Zanin e Nilson Marcos Dias Garcia;
- "Análises sobre a Permanência Estudantil nos Institutos Federais de Educação", de Patricia Maccarini Moraes.
Em seguida, reflita e anote em seu Memorial:
- Que ações voltadas para permanência estudantil são desenvolvidas na instituição de ensino onde atuo?
- Como as ações de apoio à permanência dos estudantes são construídas na instituição de ensino que trabalho?
- Em que momento as ações e estratégias voltadas para a permanência estudantil são avaliadas e revistas na instituição de ensino que atuo?
- Que ações parecem necessárias para fortalecer a permanência dos discentes da minha instituição de ensino?
No âmbito das política públicas voltadas para permanência e êxito, cabe mencionar o Programa Pé-de-Meia do Governo Federal, lançado em 2023, que visa o incentivo financeiro-educacional voltado a estudantes matriculados no ensino médio público beneficiários do Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal (CadÚnico).
Na mesma linha, destaca-se a Política Nacional de Assistência Estudantil (Pnaes), lançada em 2024, visando ampliar e garantir as condições de permanência e o êxito dos estudantes matriculados nas instituições federais de educação superior e de educação profissional e tecnológica, com especial atenção aos alunos em situação de vulnerabilidade socioeconômica.