A partir disso, vamos refletir:
Os estudos sobre o abandono e a permanência na EPT evidenciam os inúmeros fatores que envolvem a temática. Além dos fatores que estudamos aqui, os motivadores também são permeados por outras questões, como problemas de saúde, problemas familiares, questões pedagógicas – como didática, metodologia, relação professor e aluno, dificuldade de transporte/deslocamento, questões financeiras, questões de gênero e etnia, problemas de infraestrutura, como ausência de laboratórios, entre outros. Esses elementos reforçam a diversidade e elucidam a importância de haver um acompanhamento para conhecer quem são os sujeitos que ingressam na EPT e quais as especificidades envolvem determinado curso ou área. Com isso, torna-se mais possível que o planejamento de ações seja bem sucedido, e que as ações, uma vez implementadas, possam ser melhor avaliadas.
Destaca-se que, entre os problemas encontrados na auditoria realizada pelo Tribunal de Contas da União (TCU, 2024) na Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica, está a ausência de acompanhamento e monitoramento dos dados de abandono, das ações realizadas para fortalecer a permanência e das ações implementadas nos planos estratégicos de permanência e êxito das instituições, o que nos relembra sobre a importância das medidas de monitoramento.
Atentas a esse elemento, algumas instituições têm realizado movimentos de monitoramento e diagnóstico. Como exemplo, temos a ação que tem sido desenvolvida pelo setor pedagógico do Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC), do campus Xanxerê. Régis Zanella (2024), em sua pesquisa, apoiou-se nos dados organizados e obtidos em um formulário da instituição, denominado "Registro de Reunião Diagnóstica - Evadido/Retido (RRD)”. Esse formulário foi composto por perguntas abertas e fechadas, relacionadas aos possíveis motivos pelos quais os estudantes optam por deixar o curso e a instituição. O setor pedagógico do IFSC envia o formulário aos alunos, quando estes solicitam transferência para outra escola, ou durante a busca ativa realizada pelo setor para monitorar a frequência escolar. A partir do diagnóstico obtido, Régis Zanella (2024) apresenta em sua pesquisa o perfil dos estudantes que têm abandonado os cursos do IFSC no campus Xanxerê e os motivadores que influenciam essa saída. Esses monitoramentos permitem que, a partir dos dados produzidos, possam ser planejadas e realizadas práticas educativas que atendam a realidade local e as necessidades dos sujeitos que constituem aquela instituição de Educação Profissional.
A partir destas reflexões sobre os motivadores do abandono ou da permanência estudantil, no próximo capítulo discutiremos as experiências e as práticas educativas que têm sido realizadas em instituições que ofertam Educação Profissional em vista de fortalecer a permanência estudantil, com o objetivo de garantir que os estudantes concluam seus cursos na EPT.