Já na década de 1960, foram criados cursos que objetivavam capacitar rapidamente a força de trabalho necessária para o mercado, tendo como referência a Teoria do Capital Humano. Para Fonseca (1961), a Educação Profissional, em 1960, apresentava um baixo rendimento educacional, principalmente por motivos do abandono escolar. Segundo o autor,

Uma das causas do baixo rendimento apresentado pelas escolas do ensino profissional é, sem dúvida, a evasão escolar, pois, em 1960, nos cursos industriais básicos, em todo o país, apenas 20% dos alunos matriculados chegaram ao final dos estudos

(Fonseca, 1961, p. 297).

O autor aponta novamente as questões econômicas como causas do abandono escolar, pois “geralmente as famílias retiram os filhos das escolas quando eles já têm certos conhecimentos profissionais que os habilitam a trabalhar e, dessa maneira, a ajudar os orçamentos domésticos” (Fonseca, 1961, p. 297). Salienta-se, no entanto, que os elevados índices de abandono escolar nesse período se apresentavam em todos os níveis educacionais, inclusive na Educação Básica.

card do curso

Título: O desejo e a necessidade entre trabalho e estudo
Fonte: Prosa (2025b).

Em 1971, a promulgação da Lei nº 5692/71 provocou um grande debate a respeito das finalidades do então ensino de 2º Grau (atual Ensino Médio). Sobre essa lei, Lucília Machado (1989, p. 68) aponta que

a orientação que marca toda esta reforma está alicerçada na concepção pragmática e tecnicista de que, antes de tudo, o ensino deve estar, fundamentalmente, integrado às necessidades econômicas e às exigências do mercado de trabalho

(Machado, 1989, p. 68).

A respectiva lei buscava promover a implantação de um sistema único, tornando todos os currículos de 2º Grau, de forma compulsória, voltados para a formação técnico-profissional.

Apesar dos dados do censo de 1970 apontarem que cerca de 6,5 milhões de crianças estavam fora da escola, no corpo dessa lei não havia nenhuma menção a qualquer comprometimento com a permanência escolar dos jovens.

É importante contextualizar que, com a obrigatoriedade do Ensino Profissional presente na Lei nº 5692/71, como afirma Nilson Garcia (1995), houve uma mudança no público atendido na Rede Federal, visto que as Escolas Técnicas Federais e os Centros Federais de Educação Tecnológica (CEFETs) passaram a ser umas das poucas escolas públicas que, dada a sua natureza e o investimento que nelas se fazia, ofereciam ensino de qualidade.

Deu-se início a uma “elitização” dos ensinos técnicos federais de nível médio, considerando que a busca não era pela Educação Profissional, mas pela educação “forte, gratuita e de qualidade” para aprovação no vestibular. Em vista disso, o público específico do Ensino Médio não era mais apenas os “desvalidos da sorte”, passando então por uma forte mudança de perfil do público atendido.

Para refletir: o cenário da EPT até a década de 1970

Conhecemos, até aqui, um pouco sobre o cenário da Educação Profissional e Tecnológica dos anos 1900 até a década de 1970, onde o foco da EPT era formar mão de obra para o mercado. Entretanto, tem-se um grande índice de abandono escolar e poucas políticas de apoio à permanência. 

Em vista disso, quais soluções possibilitariam a resolução do problema do abandono nesse período?

Registre suas reflexões em seu Memorial e/ou siga as orientações de seu tutor sobre essa atividade.