Concepções de avaliação

No Capítulo 3 desta unidade temática, vimos que a avaliação é um dos itens do plano de ensino ou plano de trabalho docente, sendo o momento em que são explicitadas as opções quanto à abordagem, aos critérios e aos instrumentos de acompanhamento e de análise do aproveitamento discente. Indicamos a possibilidade de desenvolvimento de estratégias individuais e coletivas com o uso de distintos recursos. Também destacamos a necessidade de o processo avaliativo ser condizente com o referencial político-pedagógico do curso. Além disso, ressaltamos que um bom plano não é suficiente: as práticas avaliativas podem indicar pontos de melhorias, ajustes e redirecionamentos, assim como apontar o que está dando certo.

Existem vários tipos de avaliação, entre os quais: as diagnósticas, formativas e somativas. Cada um desses tipos possui funções específicas. Já falamos um pouco sobre a abordagem formativa. De forma abreviada, podemos dizer que ela tem um caráter continuado e permanente, voltado ao acompanhamento da aprendizagem ao longo de um determinado período, funcionando como uma ferramenta de apoio ao processo de ensino-aprendizagem. Por seu caráter, não tem os objetivos de punir nem de classificar. Os equívocos, os erros, podem ser utilizados como uma estratégia didática.

A avaliação diagnóstica tem caráter pontual e pode ser entendida como o retrato de um momento. Ela se volta para a identificação de onde o discente se encontra em termos de conhecimentos trazidos, interesses, formas de aprendizagem etc. Além disso, ela pode contribuir para a explicitação de modos mais adequados na condução do processo de ensino e na superação de lacunas conforme o caso. Por suas características, é comum sua aplicação no início do trabalho pedagógico.

Enfim, a somativa se volta para averiguação daquilo que foi conquistado ao final de um ciclo. Normalmente, é nesse tipo de avaliação que se atribui a menção ou a nota final correspondente ao grau alcançado dentro de uma escala pré-determinada, expressa no regulamento institucional.

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Título: Tipos de avaliação
Fonte: Prosa (2025d).

As avaliações diagnóstica e somativa também podem ser desenvolvidas com um caráter formativo. É possível combinar estratégias de cada uma dessas abordagens de forma a permitir que a atitude formativa esteja presente em todo o processo, com diagnósticos do aproveitamento em momentos chaves e a verificação do resultado acumulado ao término de cada etapa. Como ressaltado por Lílian Wachowicz (2014, p. 129).

As técnicas de avaliação não devem ser excludentes, mas sim, devem ser utilizadas em conjunto e de acordo com a natureza do processo a ser avaliado.

Como observado na introdução deste capítulo, a avaliação está vinculada à concepção que se tem acerca do processo de ensino-aprendizagem. Aprendizagem e avaliação fazem parte da vida humana. Nos dicionários, encontramos a distinção entre dois termos que se relacionam, mas que possuem significados distintos: aprender e apreender.

O primeiro termo, aprender, é definido como ato de adquirir conhecimento, e o segundo, apreender, vincula-se aos sentidos de apanhar, capturar, compreender e assimilar mentalmente. Na vida, adquirimos conhecimento pela forma como capturamos e compreendemos a realidade, atribuindo sentido a ela, e também julgamos e valoramos aquilo que conhecemos.

O conhecimento é uma produção do pensamento. Origina-se na identificação do objeto que se deseja apreender, passando pela construção subjetiva da representação desse objeto. O conhecimento é processado de maneira complexa. Conhecemos a partir do estabelecimento de relações com experiências anteriores, incluindo saberes profundamente internalizados, no que poderíamos chamar de uma dimensão tácita do conhecimento.

Discorrendo sobre a avaliação que recai sobre a verificação do domínio de conceitos, Wachowicz (2014, p. 22) lembra-nos que todo conceito é complexo e sua formação implica relações com outros conceitos já presentes no pensamento: “O processo de construção dessas relações, que vai até a criação de sentido pelo pensamento, é que constitui a aprendizagem”. Em outras palavras, a aprendizagem implica a atribuição de sentidos àquilo que se pretende compreender. Para tanto, é necessário que haja a intenção de aprender, mesmo que de forma não completamente consciente.

O ato de conhecer envolve todas as dimensões humanas: intelectual, física, emocional, afetiva, ética, política etc., visto que as relações que estabelecemos com o já conhecido perpassam essas dimensões. No meio escolar, a organização do trabalho pedagógico procura agir sobre esse processo, na busca das formas mais adequadas de promover a aprendizagem. No entanto, não é possível avaliar diretamente o processo de aprendizagem: conseguimos somente registrar e descrever os resultados evidenciados e observáveis. Apenas a própria pessoa é capaz de avaliar os resultados de sua aprendizagem como indicadores de seu processo de apreender.

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Título: O ato de conhecer e as dimensões humanas
Fonte: Prosa (2025e).

Buscamos registrar as informações que conseguimos obter em uma situação planejada. Em primeiro, na perspectiva formativa, com a finalidade de contribuir para que o estudante se torne consciente de seu processo de aprendizagem, procurando aperfeiçoá-lo. Em um segundo nível, em uma abordagem somativa, como um registro regimental, cujo objetivo é certificar o estudante do cumprimento dos requisitos estipulados para a conclusão da formação pretendida (Wachowicz, 2014).