Iniciando a conversa sobre avaliação
Valorizamos aquilo que é avaliado
A palavra 'avaliar' deriva de valor. Nessa linha de pensamento, avaliar é atribuir valor ou estabelecer a valia; é determinar a qualidade, a extensão, a intensidade. Implica um processo de julgamento, análise e comparação. A concepção de avaliação adotada irá alicerçar todo o processo de ensino-aprendizagem.
Em nossa sociedade, orientada pela lógica capitalista e fundada na produtividade, competitividade e no individualismo, predominam as concepções avaliativas classificatórias, que comparam indivíduos entre si, tornando a avaliação um elemento de seleção e exclusão. Então, por que avaliar? O processo de análise do aprender pode ser uma valiosa oportunidade de aperfeiçoamento para aprendizes, na autoavaliação e na , quando ocorre a reflexão sobre os seus modos de aprender. Também, para docentes é uma ocasião privilegiada de ponderação sobre as próprias práticas pedagógicas.

Título: Por que avaliar?
Fonte: Gescom (2024a).
Elaboração: Prosa (2025a).
Na EPT, a questão da avaliação da aprendizagem é atravessada por diferentes desafios, entre eles: a relação teoria-prática; a valorização e legitimação social do conhecimento; os diferentes modos de aprender; a distância entre o trabalho prescrito e o trabalho real; e as distintas abordagens disciplinares. Como definir, então, a concepção de avaliação adequada aos processos educativos na EPT? Nos processos de avaliação da aprendizagem, a escolha de métodos, técnicas e instrumentos avaliativos está intrinsecamente relacionada às concepções docentes sobre o processo de ensino-aprendizagem e sobre a relação teoria-prática.
Nas abordagens tecnicistas, por exemplo, ensino e aprendizagem são processos distintos, paralelos, que não se relacionam intrinsecamente. Nesse caso, aprender é memorizar. O foco da avaliação se volta para a memória, separando também a teoria, como a memorização de informações, da prática, como a incorporação de gestos e operações.
Em outra via, se compreendemos a aprendizagem como um processo de apropriação e construção do conhecimento, e de desenvolvimento da autonomia, a avaliação passa a ser vista como parte desse processo, assumindo um caráter de acompanhamento continuado, permanente e formativo, ajudando no diagnóstico e na reorientação de rotas quando necessário.

Título: Processos de avaliação da aprendizagem
Fonte: Prosa (2025b).
Vivência: a abordagem adotada neste curso
As orientações elaboradas pela Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica do Ministério da Educação (Setec/MEC), para a construção dos projetos pedagógicos dos cursos de Pós-graduação lato sensu em Docência na EPT, afirmam que o acompanhamento e a avaliação da aprendizagem dos cursistas tenham um caráter processual e de compromisso com a perspectiva emancipatória.
As orientações sugerem a utilização de instrumentos diversificados ao longo do curso. A avaliação contínua deve contribuir para que o discente desenvolva seu Plano de Formação e construa um . O pressuposto é o do estímulo à autoavaliação, por meio da identificação de suas necessidades para o alcance dos objetivos propostos no plano. A abordagem proposta pode contribuir também para a metacognição, no uso do Memorial, como instrumento auxiliar no registro do percurso de estudos e na reflexão sobre sua trajetória anotada no Relatório de Formação.
Para os formadores, o processo de acompanhamento e avaliação da aprendizagem é visto como referência para a reorganização e o redirecionamento do trabalho educativo sempre que necessário. É sugerido, portanto, o uso de diferentes instrumentos, como estudos de caso e fichas de leitura. Os instrumentos devem ser selecionados conforme a adequação à proposta da unidade temática e o olhar do docente, devendo ser considerado seu potencial em promover a reflexão dos estudantes sobre o próprio processo de aprendizagem.
Outra preocupação presente é a de que os instrumentos selecionados enfatizem a relação teoria-prática. Em consonância com a concepção deste curso, são apontados como critérios de avaliação:

Título: Critérios de avaliação
Fonte: Brasil (2024a).
Elaboração: Prosa (2025c).
Tais critérios devem balizar a verificação do aproveitamento discente, as suas dificuldades, os avanços e, também, os eventuais obstáculos institucionais. As orientações indicam a necessidade, por parte dos docentes, da realização dos registros da avaliação nos instrumentos previstos pelo regimento da instituição ofertante. Por fim, o documento prevê que “para a avaliação somativa referente a cada unidade temática, devem-se considerar os aspectos de assiduidade e aproveitamento, com prevalência dos aspectos qualitativos frente aos aspectos quantitativos” (Brasil, 2024a, p. 70).