Concepções e Princípios da Gestão em EPT
Ao assumir a gestão como (Paro, 2012), adquirindo um caráter meramente repetitivo, sem outro propósito que não seja a expansão do capital e a atividade do trabalhador assumida nas condições capitalistas de produção, a gestão vê a escola como uma empresa e o modelo escolar e educacional se baseia na. Vivemos, nesse padrão, uma articulação com a conservação da ordem social.
Entendemos que a escola não é uma empresa; não podemos controlar a formação apenas com objetivos econômicos e a educação não deve se submeter plenamente à lógica econômica. Contraditoriamente, a liberdade de pensamento e de pesquisa, assim como o rigor dos conhecimentos, deve ser resguardada da ascendência da gestão. No mesmo sentido, Christian Laval (2019) considera que a igualdade deve ser restabelecida como princípio orientador, e a educação precisa ser reconhecida como um direito universal.
A partir do momento em que a gestão tem no horizonte a busca pela superação de determinada ordem social, rompe-se com a manutenção desse estado de coisas e ela passa a estar comprometida com a transformação social, assumindo um sentido que
[...] extrapole o âmbito das meras ‘reformas’, de iniciativa da classe que detém o poder, e que visam tão somente acomodar a seus interesses e os antagonismos emergentes na sociedade
No sentido radical, a transformação social deve estar comprometida com a própria superação da maneira como a sociedade está organizada (Paro, 2012). Pensar a gestão educacional na EPT como transformação social exige que nos indaguemos: que concepção de EPT queremos?
Sílvia Maria Manfredi (2016) argumenta que na política e na vivência da EPT “há perspectivas e projetos diferentes” que “expressam concepções de trabalho, de sociedade e de educação pautadas por princípios político-filosóficos divergentes” (Manfredi, 2016, p. 41).
Título: Que concepção de EPT queremos construir?
Fonte: Prosa (2024d).
Manfredi (2016) diferencia três concepções: a primeira vê a EPT em uma perspectiva compensatória e assistencialista – como uma forma de educação para os pobres; a segunda é centrada na racionalidade técnico-instrumental – objetiva uma formação voltada para a satisfação das mudanças e inovações do sistema produtivo e dos ditames do modelo econômico de desenvolvimento brasileiro; e a terceira concepção foca em uma educação tecnológica – uma perspectiva de formação de trabalhadores como sujeitos coletivos e históricos. Esta última vincula formação técnica a uma sólida base científica, em uma perspectiva social e histórico-crítica, integrando preparação para o trabalho e formação de nível médio. Em síntese, é uma EPT como “direito social” (Manfredi, 2016).
A esse ponto, é válido refletir e elaborar sobre: qual a sua concepção de EPT?
Ao defender e objetivar a EPT como direito público e social, rompe-se com os paradigmas de assistencialismo e de economicismo; para isso, os gestores conceberão uma gestão educacional baseada em princípios básicos. Tais princípios estão listados a seguir.
Título: Princípios da Gestão na/da EPT
Fonte: Grabowski (2014).
Elaboração: Prosa (2024e).
Assim, entendemos a gestão como mediação ou, a partir de Paro (2015), como a utilização racional de recursos para a realização de fins, ou seja, como uma atividade exclusivamente humana, uma vez que somente o ser humano é capaz de estabelecer livremente objetivos a serem cumpridos. Apenas o ser humano é capaz de realizar trabalho, no sentido mais geral e abstrato. E é como trabalho de gestão que se deseja ver a ação da gestão educacional na EPT, seja ela em uma instituição, em um departamento – na EPT observam-se departamentos administrativos, de ensino, de pesquisa, de assistência, de pessoas –, em uma modalidade ou em um curso.
Portanto, ao assumir a gestão educacional na EPT, busque:
- instrumentalizar-se das legislações da área;
- observar as práticas de gestão de outras instituições;
- engajar-se em um trabalho que busque a participação e o comprometimento de toda a comunidade escolar.
O trabalho do gestor é fundamental para executar a política pública na EPT, sendo ela um desafio constante de acesso, permanência e inclusão de estudantes-trabalhadores. Por isso, “o trabalho de gestão escolar exige [...] o exercício de múltiplas competências específicas e dos mais variados matizes” (Lück, 2000, p. 29), sendo um processo contínuo de formação e aprendizado a fim de vencer os desafios inerentes à EPT e aos que se agregam de tempos em tempos.
- Os livros Gestão, política, economia e ética na educação (2023) e Escritos sobre educação (2001), de Vitor Henrique Paro.
- A resenha de Edgard D. A. T. Bedê (2004), sobre o livro Educação Profissional no Brasil (2002), de Sílvia Maria Manfredi.
- O Dicionário Educação Profissional em Saúde (2009), da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio da Fundação Oswaldo Cruz.