CAPÍTULO 1

Desenvolvimento histórico da Educação a Distância

 

 

A opção por realizar este curso no formato de oferta a distância certamente carrega consigo especificidades que não podem ser negligenciadas. Você deve lidar com uma rotina exaustiva, conciliando o trabalho e as demandas pessoais com a necessidade de se atualizar profissionalmente. Estudar na Educação a Distância (EaD), portanto, se mostra como alternativa viável e por vezes necessária. Mas o que significa, de fato, estudar à distância?

Neste primeiro capítulo, nosso objetivo é discutir e analisar o desenvolvimento histórico da EaD. A compreensão da história dos cursos a distância é elementar para as discussões subsequentes. Vamos, então, retomar alguns autores e teorias que nos servem de instrumento analítico.

Antes de tudo, é importante destacar que a EaD tem como característica fundamental a separação no tempo e/ou no espaço entre os envolvidos no processo de ensino-aprendizagem. Mais à frente, nesta Unidade Temática (UT), vamos nos debruçar sobre uma definição mais precisa do conceito de EaD e suas possibilidades. Por ora, basta saber que a EaD tem como elemento basilar a flexibilidade nos estudos. Isto é, em um curso a distância, há a possibilidade de organizar leituras e atividades conforme as demandas e peculiaridades de sua rotina. O que não quer dizer, no entanto, que estudar nesse formato de oferta significa estudar menos: muito pelo contrário, quando feita com qualidade, a EaD exige muita autonomia e, por isso mesmo, organização, tanto dos estudantes quanto dos docentes que estão por trás da organização das práticas de ensino-aprendizagem.

Essa flexibilidade também está representada na possibilidade de acessar este próprio texto pelo smartphone, pelo computador pessoal ou por outro dispositivo que suporte o formato do arquivo. Nesse sentido, a tecnologia digital pode ser considerada uma aliada da EaD, uma vez que, atualmente, o estudo a distância implica, por via de regra, utilizar recursos tecnológicos para acessar os conteúdos didáticos. Mas será que os cursos a distância surgiram apenas na virada do século, quando foram inventados o computador pessoal e os dispositivos que hoje fazem parte de nossas vidas? Na verdade, a EaD é muito mais antiga que isso.

Assim como em vários debates relacionados à área educacional, não existe um amplo consenso sobre o surgimento das primeiras experiências de cursos a distância. Seja como for, é fato que, há séculos, existem registros de experiências de estudos em que os sujeitos se encontram separados temporal e espacialmente. James Taylor (2001), para exemplificar, é um autor que divide a história da EaD em cinco gerações, sendo elas: o modelo por correspondência, baseado na tecnologia impressa; o modelo multimídia, caracterizado pelo uso de tecnologias de áudio, vídeo e escrita; o modelo baseado nas aplicações de telecomunicação, que passam a possibilitar comunicação síncrona (em tempo real); o modelo flexível de aprendizagem, com o uso da internet; e o atual modelo, derivado do anterior e baseado em capitalizar as possibilidades da internet e da Web, incluindo as tecnologias móveis, como os smartphones.

Falar da correspondência como tecnologia é um erro? Tecnologias não são os smartphones, o computador pessoal e a internet?

Na verdade, conforme Álvaro Pinto (2005), a assim chamada “era tecnológica” se confunde com a própria existência da humanidade. Isso porque a técnica faz parte da atitude criadora do ser humano, que visa produzir e assegurar a existência modificando a natureza. Em outros termos, o livro, o quadro, a caneta, o papel e outros tantos recursos são também tecnologias, pois ampliam as capacidades e instrumentalizam a ação do ser humano. O computador, os smartphones e a internet, no entanto, podem ser chamados de tecnologias digitais, porque se baseiam no código binário (digital/dígitos). Vivemos, então, em um período envolvido no que podemos chamar de cultura digital. Exploraremos esse conceito posteriormente.

Michael Moore e Greg Kearsley (2007) concordam com Taylor (2001) na medida em que também atribuem a origem da EaD ao que definem como “ensino por correspondência”. No entanto, os dois autores apresentam uma proposta própria de separação do desenvolvimento dos cursos a distância, pois apresentam momentos históricos baseados na tecnologia da época, que definem e delineiam as gerações, incluindo o período histórico marcado pelas mudanças atinentes aos processos organizacionais.

De acordo com eles, enfatizando experiências nos Estados Unidos, a primeira geração da EaD ocorreu quando a comunicação se dava por meio de textos e a instrução era realizada por correspondência. A segunda geração, por sua vez, foi caracterizada pelo ensino transmitido via rádio e televisão, ampliando o alcance dos cursos a distância. Já a terceira geração não se destacou tanto pelo avanço tecnológico, mas sim pela criação de um novo modelo organizacional de educação, especialmente nas universidades abertas – com destaque para as europeias, como a Open University do Reino Unido. Posteriormente, na década de 1980, surgiu a primeira experiência de interação em tempo real a distância, viabilizada por cursos transmitidos via áudio e videoconferência, utilizando telefone, satélite, cabo e redes de computadores, que caracterizam a quarta geração. E a geração mais recente da EaD, por fim, é marcada pelo ensino-aprendizado on-line, consolidando-se por meio de salas e universidades virtuais baseadas em tecnologias da internet (Moore e Kearsley, 2007).

As cinco gerações elencadas acima evidenciam como os cursos a distância não são recentes. Como nos mostram Moore e Kearsley (2007), as primeiras propostas de EaD – chamadas à época de ensino por correspondência – surgiram na segunda metade do século XIX e, com o desenvolvimento da tecnologia, foram se modificando e incluindo períodos em que as propostas gravitavam em torno de dispositivos como rádio, televisão e equipamentos de telecomunicação e, mais recentemente, da própria internet.

Título: Panorama do desenvolvimento da EaD
Fonte: Moore e Kearsley (2007).
Elaboração: Prosa (2025a).