Educação digital crítica e emancipatória: autonomia na cultura digital

Comecemos com uma reflexão: na EPT, qual a importância da alfabetização e do letramento digitais para a formação integral e emancipatória de trabalhadoras e trabalhadores que possam atuar crítica, criativa e eticamente na transformação de seus contextos? 

Ao voltarmos nosso olhar às pessoas que cursam a educação profissional e tecnológica, certamente vamos nos deparar com realidades bastante diversificadas: 

Diferentes perfis dos alunos da Educação Profissional e Tecnológica (EPT)

Título: Diferentes perfis dos estudantes da Educação Profissional e Tecnológica (EPT)
Fonte: Censo Escolar 2010-2022 (Inep 2010; 2022).
Elaboração: Prosa (2024).

Esses estudantes vieram de regiões urbanas e rurais. Nasceram, cresceram e viveram em seus contextos socioculturais até o momento em que adentraram uma instituição educacional para se formarem e se inserirem no mundo do trabalho. Sendo assim, cada um deles passou pelo processo de alfabetização escolar e traz para dentro da instituição seus multiletramentos, constituídos a partir das vivências e práticas sociais de leitura e escrita nos diferentes contextos dos quais vieram. 

Pois bem, enquanto profissionais que atuam (ou pretendem atuar) na EPT, formando trabalhadoras e trabalhadores na e para a cultura digital, é indispensável considerar os multiletramentos dos estudantes. Além disso, é importante planejar ações e práticas pedagógicas que possibilitem a essas pessoas alfabetizar-se e letrar-se digitalmente, isto é, apropriar-se das ferramentas e, mais que isso, dos processos de leitura e escrita em ambientes e dispositivos digitais, para que possam atuar no mundo do trabalho como escritores, leitores, autores e produtores, comunicando-se e interagindo na cultura digital de maneira autônoma, crítica, ética, criativa e emancipadora

Na cultura digital, não basta mais minimamente saber ler e escrever um bilhete simples para comunicar-se e vivenciar plenamente as práticas sociais de leitura e escrita. Para ser um trabalhador na cultura digital, é preciso saber ler e escrever ao menos um e-mail, o que envolve a alfabetização e o letramento digitais.

O impacto da cultura digital no mundo do trabalho

As tecnologias digitais se tornam parte integrante da sociedade, provocando importantes transformações no mundo do trabalho. Essas transformações também afetam os valores e os padrões dessa sociedade, o que faz da habilidade de utilizar informações e conhecimento algo tão importante quanto a acumulação de bens materiais. Acompanhe, abaixo, uma linha do tempo da relação entre a cibercultura e os processos de trabalho nas últimas décadas:

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Para saber mais: as IAs e o mundo do trabalho

Título: A Inteligência Artificial no Mundo do Trabalho: Impactos, Inquietudes e Desafios (Parte 1)
Fonte: IEA/USP (2024).

Este vídeo apresenta uma discussão promovida pelo Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (USP), que explora os múltiplos impactos da Inteligência Artificial (IA) no mundo do trabalho. Especialistas abordam como a IA está transformando profissões, gerando novos desafios e oportunidades, e debatem os efeitos dessa tecnologia no cenário laboral atual e futuro.

Em outro vídeo, Ricardo Antunes (sociólogo e professor da Unicamp) oferece uma perspectiva crítica sobre o impacto da IA no mundo do trabalho. Ele condena o uso da IA como ferramenta para aumentar a concentração de renda e destaca a importância de que os avanços tecnológicos beneficiem a classe trabalhadora. Antunes também propõe um novo modelo de sociedade, no qual o trabalho seja a principal fonte de geração de renda e riqueza, colocando em debate os rumos que a IA está traçando para o futuro das relações laborais.

Em nosso próximo capítulo, conversaremos a respeito da inclusão digital em seus diferentes aspectos, bem como sua importância para a formação profissional e tecnológica na e para a cultura digital.